Como pensar um roteiro gastronômico? Uma possibilidade: o trajeto de lugares visitados com alguém.
Está difícil não pensar na chef, professora e minha irmã postiça Mari Hirata (1959-2021).
Ceifada pelo câncer, ela nos deixou —amargurados, órfãos— no último domingo, 30. Por quarenta anos, quase todos com ela fora do Brasil, estivemos juntos, sempre que possível à mesa ou ao fogão
Começamos comendo em São Paulo. Eu, editor do jornal trotskista O Trabalho, ela, assistente de diagramação. Ambos gulosos e, quando a madrugada apontava, famintos.
“Minha mãe me deu um dinheirinho…”, balbuciava ela às vezes. “Hoje recebi salário”, às vezes era eu. E corríamos para um intervalo gourmet ali ao lad