Comida de hospital é sempre ruim. Mesmo quando não é tão ruim ou, vá lá, é boa. É ruim, obviamente, porque é comida de hospital. Ninguém gosta de estar num hospital, ninguém vai fazer uma boquinha no hospital.
Existem três tipos de comida de hospital.
Há as refeições servidas para os pacientes e, com pequenas concessões dietéticas, a seus acompanhantes de quarto.
Há as cantinas, cafeterias, lanchonete, não importa o nome dado ao concessionário que prepara uma comida menos, digamos, hospitalar.
E há as máquinas de chocolate, biscoito, salgadinhos e todas as porcarias que, consumidas em excesso, levam uma pessoa saudável ao hospital.
Afirmo, sem um pingo de orgulho, que tenho conhecimento razoável de todos esses tipos de comida. Já estive internado e engoli o pior purê de batata da face da Terra – como alguém estraga um purê de batata é um mistério que persiste.
Nas idas e vindas do meu pai, que acabou morrendo num hospital, tornei-me frequentador assíduo da máquina de porcaritos e da cantina.
Nesse café havia um bufê noturno de sopas. Não existe comida mais de hospital do que sopa de mandioquinha. Eu ia na canja, que era até gostosa, porém de hospital. Canja, para mim, lembra a morte do me