Como dois almirantes da marinha mercante inglesa trouxeram para o nordeste brasileira uma bebida criada a bordo de seus navios

Na segunda metade do séc. XVIII a marinha mercante inglesa navegava pela costa da América do Norte e Central, regiões onde a Inglaterra possuía muitas colônias. Um almirante de muito prestígio, o lord Edward Vernon andava preocupado com o consumo excessivo de álcool nas embarcações, bem como com uma doença que matava milhares de marinheiros, o escorbuto, causada pela carência de vitamina C. Ele era conhecido como Old Grog, devido um casacão pesado que vestia nas viagens, chamado “grogsgrain”.
A solução que o almirante encontrou para seus dois problemas foi o de misturar na porção diária de rum que os marinheiros recebiam água, limão, gengibre e açúcar. Isso bastou para diminuir a bebedeira e prevenir o escorbuto. Essa bebida recebeu o apelido do almirante, se difundiu por toda a frota inglesa e chegou aos lugares mais longínquos, como a costa africana, Austrália e Índia. O Grogue se popularizou por ser uma bebida barata e saborizada e a expressão passou a ser usada para denominar o estado de embriaguez.

Um outro almirante inglês, muito prestigiado por suas habilidades náuticas e de estratégias de guerra foi um dos responsáveis pela difusão do Grogue pelo mundo conhecido. O lord Thomas Cochrane, além de outros países, ajudou nas lutas pela independência do Brasil atuando fortemente no nordeste. Como toda marinha mercante inglesa já utilizava o Grogue em seus navios, o lord Cochrane acabou trazendo a “bebido do Vernon” para cá, recebendo esse nome no Brasil. Suas andanças foram mais pelas bandas do Maranhão, mas há registro de incursões pelos rios Capiberibe e São Francisco, chegando até Petrolina. Não é de se espantar que o “Vernon” tenha se espalhado pela região Nordeste, já uma grande produtora de cachaça na época, devido aos seus canaviais e usinas de açúcar. Já não se vê mais o Vernon nos bares, senão em alguns lugares remotos do interior do Nordeste, mas é bebida histórica e popular.
