sexta-feira, março 29, 2024

Conheça a The Coffee, cafeteria apertada que não aceita dinheiro e se multiplica por SP

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Se você está em São Paulo, provavelmente já se deparou com uma unidade da The Coffee, cafeteria minimalista que parece estar dominando a cidade.

Com lojas em locais como Vila Olímpia, Consolação, Pinheiros, Vila Madalena, Itaim Bibi, além das ruas Augusta e Oscar Freire, a rede já acumula 26 lojinhas só na capital paulista. Aqueles que se arriscarem a andar pela cidade podem se impressionar com o número, já que antes do começo da pandemia, em março de 2020, havia apenas sete unidades da The Coffee em São Paulo. Neste período, aliás, foram abertas 74 cafeterias no país.

Chamar o negócio de minimalista não é exagero. A maioria das unidades da rede têm apenas um corredorzinho e um balcão, onde o pedido é feito. E só. Então, nada de sentar em uma mesa e solicitar o cafezinho para o garçom ou de esperar que o atendente explique as opções do cardápio. Os pedidos são feitos pelo próprio cliente em um tablet, assim como o pagamento, somente com cartão. O negócio ali é pegar e levar.

Existe uma tentativa de criar um mistério sobre a origem da The Coffee. Apesar do nome em inglês e das imagens de ruas japonesas e quatro linguagens disponíveis no site, a rede é brasileiríssima —mas os proprietários não querem que isso fique claro. “Muita gente acha que a The Coffee não é do Brasil. A pessoa não precisa saber. Não queremos mentir, só manter o mistério”, diz Alexandre Fertonani, sócio-proprietário e um dos fundadores.

A ideia da cafeteria vem do Japão. Depois de viajarem para o país asiático, Alexandre e dois irmãos se inspiraram nas cafeterias que viram por lá e criaram as duas primeiras The Coffee em Curitiba, em 2018. Foi em junho de 2019 que a rede aterrissou em terras paulistanas —a primeira unidade em São Paulo foi aberta na rua dos Pinheiros.

Apesar dos números do último ano, Fertonani diz que a Covid-19 também afetou a rede —teve loja em São Paulo que ficou cinco meses fechada, por exemplo. A própria unidade em Pinheiros foi bastante prejudicada por estar numa localização empresarial. O modelo sem espaço para aglomerações, porém, parece ter ajudado a The Coffee.

Há planos para que 41 unidades da marca estejam funcionando na capital paulista em até dois meses. O objetivo é que 170 cafeterias estejam de portas abertas no país até o fim de 2021. Para eles, o Brasil não é limite —atualmente, há uma unidade em Madri, e, em breve, em cidades como Barcelona, Lisboa e Paris.

Segundo Fertonani, o crescimento exponencial da rede só é possível por conta dos investimentos externos e de um planejamento estratégico em relação à equipe. Ele explica que a The Coffee trabalha com um volume de funcionários maior que o necessário. “Hoje, a gente tem um time para atender 200 lojas. Se fôssemos pensar na demanda atual, poderíamos ter metade dos funcionários”.

Parte das unidades da The Coffee pertencem aos irmãos Fertonani, enquanto a outra é franqueada. “Quando começamos, não tínhamos perspectiva de investimentos. A melhor forma que achamos para crescer naquele momento foi a franquia”, diz. O cenário mudou e, hoje, a ideia é que a rede consiga chegar até o final de 2021 com metade das unidades próprias e a outra metade franqueada.

A expectativa é que, até o fim deste ano, a rede feche com um faturamento de, aproximadamente, R$ 25 milhões.

Apesar da maioria das unidades da rede terem apenas um balcão, que mais se assemelha a uma janelinha, existem alguns endereços ligeiramente maiores e com cadeiras para acomodar o cliente. Se é uma boa ideia, já é outra história. Na unidade da Vila Buarque –chamada por eles de Higienópolis–, por exemplo, é preciso se encolher ao máximo para passar por outros clientes no corredor para chegar ao espacinho com banco nos fundos.

Esta unidade, aliás, foi aberta em um ponto peculiar. Isso porque logo ao lado, na mesma rua Major Sertório, fica o Takko, cafeteria que trabalha com grãos especiais, que funciona por ali há alguns anos. Este não é o único exemplo —no shopping JK Iguatemi, há uma The Coffee bem próxima de uma Starbucks; na região do metrô Sumaré, cerca de 300 metros separam a loja do café Torra Clara; já a casa da rua Antonio Carlos, no Baixo Augusta, fica em frente à cafeteria Urbe.

“Costumo dizer que, a partir do momento que abrimos perto de outra cafeteria, não podemos ter medo. Somos tão bons quanto aquela cafeteria. Não queremos prejudicar, só complementar”, afirma Fertonani. Nas palavras dele, a performance da unidade ao lado do Takko vai muito bem. “Se tem uma cafeteria muito boa naquela região, significa que o estudo de localização já foi feito pra nós.”

O negócio é tão minimalista que não tem fluxo de caixa —eles não aceitam dinheiro, apenas cartão. Fertonani explica que é para ter uma operação mais enxuta. “Sem dinheiro, não é preciso lidar com muitos fechamentos de caixa todos os dias”, afirma. Além disso, dessa forma, o barista teria mais segurança, higiene e foco no preparo das bebidas. Cada The Coffee, a depender do tamanho, tem de um a três funcionários em campo.

O artigo 43 do código de Contravenções Penais da legislação brasileira afirma que “não se pode recusar-se a receber, pelo seu valor, moeda de curso legal no país”. Questionado, Fertonani afirma que a The Coffee não deve desistir da decisão de só aceitar cartão e continuará relutando contra o dinheiro. “É normal que startups que trazem inovações passem por problemas como esse, e um exemplo disso é a Uber“. De acordo com ele, a The Coffee teve três reclamações no Procon sobre o assunto, mas teria conseguido lidar com elas. ​

Através de um tablet preso ao balcão, o cliente escolhe entre bebidas quentes e geladas, além de algumas comidinhas. Navegar no cardápio virtual não é o mais difícil —o problema é a fila que vai se formando durante a escolha. A pressão invisível imposta pelas pessoas que chegam pode fazer com que você tenha que escolher rápido demais. O resultado pode surpreender, mas pode ser desastroso.

O Salted Caramel gelado (R$ 14,70 na unidade do JK Iguatemi), por exemplo, é uma sugestão para os dias de calor. Outra dica, dessa vez quente, é o Mad Mocha, que leva café, leite e chocolate vaporizado (R$ 8,40 na unidade Higienópolis). Mas o forte da cafeteria são as bebidas mesmo —o pão de queijo é servido frio e borrachudo. Os preços podem variar a depender da loja.

Para saber o endereço de cada unidade e conhecer o menu da The Coffee, acesse thecoffee.jp.

Fonte feed: Via Feed Folha de S.Paulo