Entra ano, sai ano, alguém vem discutir se vale a pena comprar ovos de Páscoa, já que o chocolate em barra é absurdamente menos caro (até tu, Brutus?).
Entra ano, sai ano, fabricas e confeiteiros inventam moda para se destacar no oceano de chocolate que transborda nesta época. Às vezes têm sucesso na empreitada.
É o caso de confeiteira Isabella Suplicy, que anunciou há alguns dias um ovo de R$ 5.950 para a Páscoa 2022.
Segundo o site do shopping paulistano Cidade Jardim, que vende o tal artigo, são cerca de 12 quilos de puro chocolate belga de uma marca topzera às pampas.
Não vou comparar o ovo de quase seis contos com a barra de chocolate Garoto. Não faz o menor sentido.
O ovo em questão vai para o mesmo escaninho do bolovo milionário de um hotel de luxo de São Paulo. Do apartamento com vaga para a Ferrari no meio da sala.
É o rico brasileiro fazendo riquice. É a elite jeca em seu universo paralelo perdulário, ostentativo, excludente e cafona. Da completa falta de sensibilidade ou qualquer vestígio de interesse pelo mundo lá fora.
É aviltante e fica pior ainda quando o Datafolha apura que 24% da população brasileira não tem comida suficiente em casa. Um em cada quatro habitantes. Se levarmos em conta a projeção do IBGE (para que recenseamento, né?), mais de 51 milhões de pessoas famintas.
Não vou comparar o ovo de R$ 5.950 com a barra de chocolate Garoto. Vou comparar com outras coisas. Ele equivale a:
- 5 salários mínimos
- 1500 kg de arroz
- 595 kg de feijão
- 350 kg de moela de frango
- 400 kg de sardinha
- 372 cobertores cinzas
- 50 barracas de camping novinhas
- 5950 refeições no restaurante popular Bom Prato
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Fonte feed: Via Feed Folha de S.Paulo