CASACOR Sergipe: revestimentos antigos conferem acolhimento e afetividade à decoração

Revestimentos antigos ganham destaque e valorizam a decoração

O resgate de elementos vintage confere personalidade ao ambiente e eleva o nível da arquitetura de interiores

Valorizar a história do morador é o que transforma a casa em um lar de verdade. Essa é a principal aposta de grande parte dos profissionais que participam da CASACOR Sergipe 2024. Não por acaso, materiais simples e muito comuns no passado, como o piso de taco, cimento queimado, tijolos aparentes e azulejos, deixaram de ser meros acabamentos para se tornarem elementos de destaque na arquitetura de interiores. Sejam eles peças antigas que foram revitalizadas ou materiais novos com aparência vintage e tecnologia atual, esses itens imprimem personalidade nos ambientes. Essas escolhas conferem uma estética acolhedora e sustentável, além de uma riqueza visual que remete a memórias afetivas.

Piso de Madeira

O piso de madeira é um dos mais antigos do mundo. De acordo com os registros históricos, ele surgiu na Idade Média, quando as pessoas começaram a construir casas para se protegerem do frio.

Com o passar do tempo, os artesãos foram aprimorando suas técnicas de corte e instalação das tábuas, além de usarem madeiras nobres para a fabricação, como o Carvalho e o Pinheiro. Por volta do século XVII, o produto passou a ser um item bastante popular entre os palácios e residências da nobreza.

Também conhecido como piso de taco, os pequenos blocos de madeira se popularizaram no Brasil entre as décadas de 50 e 60, mas nunca saiu completamente de cena graças à sua textura agradável e apelo ao nostálgico. Além de remeter ao aconchego e sofisticação, a restauração de um piso de taco antigo garante um ar retrô-chique ao ambiente, preservando a essência original do imóvel.

No estar íntimo Old Money, criado pelo arquiteto Thiago Moura, o piso de peroba rosa foi lixado e recuperado de forma simples, dando um destaque ainda maior à beleza do ambiente.

Caso a opção seja por trocar o piso, o taco pode ser reaproveitado e transformado em uma linda cabeceira, como a peça que compõe o Quarto Cura, elaborado pela arquiteta Hertha Dantas ou num banco tão charmoso quanto à peça que arremata o décor do Hall Memórias, da arquiteta Jéssica Ferreira.

Cimento queimado vermelho

O famoso “vermelhão”, comum em construções rurais mais antigas, destaca-se pelo tom vibrante e aconchegante. O revestimento de alta resistência e fácil manutenção, cria uma atmosfera rústica e, ao mesmo tempo, industrial, sendo perfeito para regiões mais quentes porque não retém calor. O que antes era usado para disfarçar manchas de terra, hoje é utilizado para marcar um estilo na decoração.

Na instalação gourmet “O Atávico em mim”, o arquiteto Maicon Amorim utiliza o piso de cimento queimado vermelho para remeter às casas do interior e revelar memórias afetivas de sua infância. Em contraponto, o piso simples acolhe mobiliário tecnológico da SCA e da Green House, servindo de base para o look contemporâneo do espaço.

Azulejaria em alta

Pisos em cerâmica artesanal ou porcelanato em pequeno formato remetem ao charme do passado, onde a riqueza dos detalhes e a sensação de aconchego prevalecem. A exemplo dos mosaicos, azulejos geométricos e ladrilhos hidráulicos, esses revestimentos oferecem uma gama de possibilidades criativas, em contraposição à uniformidade dos porcelanatos grandes.

No ambiente Estesia Deca, elaborado pelo arquiteto e designer Wesley Lemos, o piso de cerâmica acqua Portinari tem aspecto lavado e textura que traz lembrança afetiva da casa da avó materna dele, no interior de Sergipe. A escolha do piso levou em consideração aspectos como cor, textura e um formato pequeno e singelo trazendo beleza através da versatilidade do material que hora reveste painéis, bancos, divisórias e nichos. De forma elegante e criativa, o arquiteto eleva o simples ao nível máximo de elegância e bom gosto.

Navegando nesta mesma direção, o Lounge Constren, criado pelo arquiteto Gilvan Acciolli, é composto por uma azulejaria que remete aos revestimentos cerâmicos comuns em vilarejos de outrora. Diferente dos antigos ladrilhos, a azulejaria em porcelanato traz praticidade desde a instalação até a manutenção. Seu acabamento com textura fosca imprime aconchego e conforto ao toque.

Já a arquiteta Lúcia Helena aposta em ladrilhos hidráulicos artesanais para imprimir singularidade à cafeteria Doce Acaso na CASACOR Sergipe. O piso ganha geometrismo e cores atuais, ressaltando a estética tropicalista do lugar.

Tijolo aparente

No ambiente Adega Petrus, a arquiteta Tahinara Sanferry abusou da criatividade ao usar o tijolo aparente de uma forma totalmente inusitada. O resultado é um design de interiores contemporâneo e único, onde a parede com tijolos pintados de preto é um dos destaques.

Ao expor esses blocos que sustentam toda a estrutura, a profissional revela o que frequentemente permanece oculto por argamassa, tintas, madeira e revestimentos. Essa escolha tem o propósito de trazer o interior para fora, revelando a verdadeira essência que sustenta o espaço.

A valorização de elementos antigos na arquitetura é uma forma de homenagear a história e celebrar a beleza das marcas do tempo. Incorporar e restaurar pisos de taco, cimento queimado e tijolos aparentes não é apenas uma escolha estética, mas um compromisso com a sustentabilidade e a originalidade.

Em anexo, seguem imagens da mostra.
Fotos: Xico Diniz e Gabriela Daltro

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